Verônica Cuencas
Paulo Pimenta
Introdução
As nuvens
conceitualmente são um conjunto visível de partículas minúsculas de água
líquida ou de gelo em suspensão na atmosfera. Pode haver partículas procedentes
de resíduos industriais como vapores industriais. Os principais fatores que
intervêm na descrição do aspecto das nuvens são sua dimensão, estrutura,
luminância e cor. As nuvens, por serem constituídas por gotículas ou cristais
de gelo, se formam em torno dos núcleos microscópicos, ou núcleos de
condensação.
As nuvens são
formadas pelo resfriamento do ar até a condensação devido à subida e suspensão
do ar, o que sucede quando uma parcela sobe para níveis onde a pressão
atmosférica é cada vez menor e o volume de ar se expande. Esta expansão requer
energia que é absorvida do calor da parcela, ocasionando uma queda de temperatura.
Esse fenômeno é descrito como resfriamento adiabático.
Há nuvens
que podem surgir quando uma massa de ar é forçada a deslocar-se para cima
acompanhado o relevo do terreno. Essas nuvens, denominadas de “origem
orográfica”, também decorrem da condensação do vapor de água devido ao
resfriamento adiabático do ar.
As
nuvens Altocumulus
As nuvens
do estágio médio normalmente recebem o prefixo “alto”. Elas podem ter aparência
celular ou cumuliforme, por isso são chamadas de nuvens altocumulus.
As nuvens
altocumulus podem exibir um padrão de onda parecido com a stratocumulus mas
estão mais altas e seus topos são frios. Estas nuvens podem ser de difícil identificação
em uma imagem de satélite porque estão associadas a uma banda frontal ou a
outro sistema meteorológico em conjunto com nuvens de todos os níveis que
tendem a bloquear sua observação por meio do sensor do satélite. Na imagem do
visível (canal do visível) elas podem ser relativamente brilhantes e lisas,
dependendo da sua espessura e de sua composição, e são frequentemente identificadas
por meio de sombras projetadas nas nuvens em estágios mais baixos,
especialmente quando o sol está em um ângulo mais baixo. O grau de estabilidade
da atmosfera pode ser identificado pela observação de uma altocumulus , o que
sugere uma atmosfera instável.
Alto-cúmulos, ou em latim altocumulus, são lençóis ou
camadas de nuvens brancas ou cinzentas,
tendo geralmente sombras próprias (pouco
acentuadas) e apresentando formas de lâminas e rolos. Aspecto pode ser fibroso
ou difuso, agrupados ou não. Constituem o chamado "céu encarneirado".
As
Altocumulus são frequentemente observadas simultaneamente em dois ou mais
níveis (Altocumulus duplicatus), significando que esta nuvem ocorre em uma
grande faixa de altitude. Mas são nuvens classificadas como médias de altitude entre 2000 e 4000 metros em latitudes polares, de 2000 a 7000 em latitudes temperadas e de 2000
a 8000 em latitudes tropicais.
Composição
Os Altocumulus são geralmente compostos apenas por gotículas de água e podem
contém cristais de gelo. São nuvens em bandas paralelas
ou em massas redondas distintas. Apresentam-se como lençol de grande extensão,
com elementos isolados ou não, dispostos com bastante regularidade. Por vezes,
elementos consecutivos em forma de seixos seguem uma ou duas direções, com suas
bordas quase se tocando. Esta configuração apresenta canais de céu claro. Esses
elementos são formados normalmente por convecção e geralmente indicam uma
frente fria que se aproxima.
Condições para a formação
O desenvolvimento dessa nuvem é
comum quando o ar é forçado a subir, como ao longo de uma frente ou próximo ao
centro de um ciclone, quando ventos convergentes provocam a subida do ar. Tal
subida forçada de ar estável leva à formação de uma camada de nuvens que tem
uma extensão horizontal grande comparada com sua profundidade.
Características importantes para a formação de
altocumulus são:
·
Pode produzir
precipitação em forma de virga (chuva que não alcança o solo).
· Nos níveis altos,
pode se dar a partir do aumento de cirrocumulus ou pode ser derivado de
cumulonimbus.
·
Do desenvolvimento
de um cumulus ou stratocumulus nos níveis baixos.
·
Consequência de
turbulência ou convecção em níveis médios.
·
A partir da
transformação de altostratus.
Nuvem altocumulus com um aspecto irregular. Fonte: Estabilidade atmosférica e desenvolvimento de nuvens |
Semelhança com outras nuvens
As altocumulus podem parecer-se com nuvens
Stratocumulus, mas estão a maior altitude. O sombreamento, em suas superfícies
texturizadas, demonstra que altocumulus não são nuvens altas e
têm células menores (com larguras entre 1° e 5°).
Também podem ser semelhantes
a Cirrocumulus porém com aglomerados de aparência maior. Para diferenciá-la
basta esticar o braço e se for possível encobrir um ou dois elementos da nuvem
com o polegar na posição horizontal, trata-se de uma nuvem Altocumulus, mas se
a projeção do polegar encobrir vários elementos da nuvem, trata-se de uma nuvem
Cirrostratus.
Tipos
·
Translucidus: Relativamente fina
(semi-transparente) com coloração variando de branca a cinza escuro. Formado
pela transformação de altostratus com pequenas células de convecção própria.Sua
presença indica pequeno movimento ascendente e é mais comum não ser seguido de
precipitação.
Fonte: Master |
·
Lenticularis: Em geral aparecem sobre montanhas onde o ar é forçado a
subir. Quando o 7ar úmido
sobe no lado barlavento, ele resfria e condensa, produzindo uma nuvem. No lado sotavento, o ar desce e aquece; a nuvem evapora. Visto da superfície, as nuvens
parecem sem movimento a medida que o ar rapidamente escoa por elas, originando o nome lenticulares estacionárias.
Nuvens lenticulares se formando umas sobre as outras sobre Sierra Nevada,
nos Estados Unidos. Fonte: Estabilidade atmosférica e desenvolvimento de nuvens |
·
Radiatus: Camadas que parecem
radiar de um ponto no horizonte, em bandas paralelas, espalhando-se pelo céu,
aumentando a espessura. É baseada no espalhamento pelo
levantamento em conjunto com instabilidade desenvolvida na própria camada de
nuvem, como anteriormente, porém na presença de forte cisalhamento vertical.
·
Cumulogenitus: Formado a partir do
crescimento vertical de cumulus, que ao atingir um nível estável não consegue
subir e portanto se espalha, formando folhas de nuvens. Em geral há evaporação
da base da nuvem.
·
Opacus: Altocumulus em duas camadas
(duplicatus). Usualmente opacos com uma camada espessa de altocumulus não
aumentando. Ocorre frequentemente próximo a altostratus ou em combinação.
·
Castellatus: Ocasionalmente,
altocumulus apresentam desenvolvimento vertical e produzem extensões do tipo
torre. Elas se formam quando correntes ascendentes dentro da nuvem se estendem
no ar condicionalmente instável acima da nuvem. Aparentemente, a flutuabilidade
do ar ascendente vem do calor latente liberado dentro da nuvem durante a
condensação. Indicam que os níveis médios da troposfera estão se tornando mais
instáveis, o que frequentemente precede as pancadas de chuva.
Observação
Abaixo observamos algumas fotos de nuvens
do tipo Altocumulos, tiradas do setor sul da cidade de São Paulo, no período da
tarde em meados de setembro de 2015. Em alguns casos se pararmos para
observá-las tendo um ponto de referência fixo no solo, podemos perceber a sua
movimentação. Quando em grande quantidade elas dão ao céu certo aspecto
“encarneirado”. As Alto cumulos são constituídas de cristais de gelo em
suspensão e dificilmente causam precipitação, mas podem vir associadas a outros
tipos de nuvens na ocorrência de uma frente fria.
Foto 1 - Altocumulus dia 14/09/2015 às 14h00 - Foto tirada por Verônica Cuencas. |
Já abaixo
observamos também em setembro de 2015. Registradas no período da manhã. Quando ocorrem desse modo, em grande quantidade pela
manhã, pode ser um indicativo de convecções e trovoadas para a tarde.
Foto 2 – Altocumulus dia 14/09/2015 às 10h00 – Foto tirada por Paulo Pimenta. |
Outros exemplos:
Foto 3 –
Altocumulus visto a partir de um avião no dia 19/07/2015 – Foto tirada por
Paulo Pimenta.
|
Foto 4 –
Altocumulus visto a partir de um avião no dia 19/07/2015 – Foto tirada por
Paulo Pimenta.
|
Situação Sinótica (decodificação)
·
Metar
dos aeródromos de Guarulhos e Congonhas.
Fig 1.0
– Metar decodificado de Guarulhos e Congonhas.
|
Radiossondagem
Fig 2.0 – Sondagem fornecida pelo
MASTER.
|
A partir da radiossondagem pode observa-se uma intrusão de ar
seco, nota-se entre 800hPa e 600hPa uma "barriga" . Essa intrusão
pode ser relacionada a nuvens que não precipitam, como por exemplo a
altocumulus. Verifica-se o aumento do gradiente de temperatura vertical, o que
possibilita o aumento da instabilidade na região, um ótimo indicativo para a
identificação da nuvem com essa condição para a formação. Há convecção também
na região da cidade de São Paulo e não há cisalhamento de vento.
Análise Sinótica
Fig 3 – Carta sinótica de 250 hPa com as altas, baixas e jatos |
Fig 4 – Carta sinótica de 500 hPa com as as altas e baixas, cristas e cavados. |
Fig 5 – Carta sinótica de 850 com as altas e baixas, cristas e cavados. |
Fig 6 - Carta Sinótica de superfície com as altas, baixas, cristas, cavados e zcit
Fig 8 –
Divergência em 850 hPa, da mesma forma que mostrado na figura anterior em
relação as cores. Desta vez observa-se uma situação oposta o que pode ser
caracterizado por uma situação de brisa.
|
Imagens
de satélite
Do dia 14 de setembro as 11UTC.
Fig 10 –
Imagem no canal do vapor d'água com os jatos bem definidos.
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Fig 11 –
Imagem no canal do IR. Nota-se uma coloração branca em pequenos pontos nesta
região.
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Fig 12 –
Imagem de satélite com a temperatura realçada.
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Fig 13 –
Canal do visível. Nesta imagem é possível ver na região do estado de Sâo Paulo
nuvens em forma de um grande “tapete” e “floquinhos”. Nota-se também um avanço
do oceano para o continente.
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Considerações
importantes
Fig 15 – Perfil de Temperatura em shaded.
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Fig 16 – Perfil de umidade relativa. |
Fig 17 – Divergência de vento em 100 hPa
|
Fig 18 – Divergência do Vento em 250 hPa.
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Imagem 1 - Animação do canal do IR. Fonte: http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/goes.formulario.logic
Imagem 2 - Animação no canal do WV. Fonte: http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/goes.formulario.logic
Imagem 3 - Animação no canal do Visível. Fonte: http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/goes.formulario.logic
Fig 19 - Carta sinótica da DHN Marinha. Fonte: https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/prev/cartas/cartas.htm
A inversão do vento, esta relacionado a brisa marítima, visivelmente
identificado às 11 GMT.
Índices
de instabilidade
Radiossondagem
da Universidade de Wyoming, EUA para o dia 14 de setembro de 2015 às 12Z:
·
Índice de Showalter= 6.7 (Tempestades Possíveis)
·
Índice de Instabilidade por Levantamento (Lifted)= 6.8 (condição estável)
·
Índice K= -8.5 (não há change de ocorrer tempestades)
·
Totals Totals= 37.2 (tempestades improváveis)
·
Índice CAPE= 0 (marginalmente
instável)
·
Índice CINE= 0 (nenhuma
inibição ao processo convectivo)
Sites interessantes:
Referências:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=nuvens
http://weather.uwyo.edu/upperair/sounding.html
ftp://ftp.cptec.inpe.br/ariane/biblio/apostila_estabilidade_atm_itajuba.pdf
http://weather.uwyo.edu/upperair/sounding.html
ftp://ftp.cptec.inpe.br/ariane/biblio/apostila_estabilidade_atm_itajuba.pdf
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