Alta da Bolívia
Organizado Por: Alexandre Manenti B. P. dos Santos
Avaliado por: Victor R. Chávez Mayta
Definição:
Manifestando-se exclusivamente na alta troposfera, a Alta da Bolívia é um anticiclone que
ocorre na América do Sul durante o verão. Esse anticiclone se encontra sobre a
parte central do continente juntamente a um cavado no nordeste brasileiro associado
a ele (Carvalho,1989).
Características:
Durante o
verão, a convecção na região amazônica
sofre um aumento que é gerado principalmente pelo aquecimento radiativo da
superfície. Essa convecção, por sua vez, induz movimentos convergentes que,
associados ao calor latente liberado pela condensação, acarretam no
levantamento do ar. Esse mecanismo é crucial para a formação de anticiclones em
altos níveis, como a Alta da Bolívia (Reboita et al., 2010).
Silva Dias et al. (1983) mostram a importância da fonte de calor diabático na bacia amazônica que gera uma onda de Rossby Equatorial, originando a Alta da Bolívia. O posicionamento da Alta da Bolívia a sudoeste da bacia Amazônica é explicado por Lenters e Cook (1997) utilizando balanços termodinâmico e de vorticidade em altos níveis. A divergência em altos níveis sobre a Amazônia é predominantemente balanceada pela advecção de vorticidade planetária, implicando em um fluxo para o Equador a sul do máximo de divergência, ou seja, alta pressão a sudoeste e baixa (ou cavado) a leste). O posicionamento do núcleo quente da alta é explicado pelos mesmos autores como resultado da subsidência a oeste da costa sul-americana.
Identificação:
Como a Alta da
Bolívia ocorre exclusivamente em um período definido, notam-se algumas
características das cartas sinóticas de alta troposfera durante o ano. Para o
verão (Figura 1a), podemos notar nitidamente na carta sinótica de 200 hPa, o
anticiclone (“A” vermelho) que se forma sobre a Bolívia. Esse é acompanhado de
um cavado proeminente (“C” vermelho) na costa do Brasil, destacando assim o que
é conhecido como Alta da Bolívia e Cavado do Nordeste. Conforme o outono avança (Figura 1b), nota-se
a diminuição da intensidade do anticiclone, que agora já se desloca
ligeiramente para o norte, acompanhando a tendência do final do período chuvoso
na região amazônica. O cavado sobre a costa do NE do Brasil e oceano Atlântico encontra-se enfraquecido. Para o inverno
(Figura 1c), a alta já não é mais detectada. A
chegada da primavera (Figura 1d) traz de volta alguns traços do anticiclone e
do cavado que o acompanha, deixando a alta troposfera com um padrão parecido
com o observado durante o período de outono.
Figura 1: Precipitação média (mm; cores), vetor
vento (m/s) em 925 hPa e linhas de corrente (linhas contínuas) em 200 hPa. As
letra “A” e “C” em vermelho representam o anticiclone e o cavado,
respectivamente. Fonte: (Reboita at al., 2010)
A Figura 2 evidencia a Alta da Bolívia e seu cavado na costa brasileira para uma média de 10 dias em 250hPa.
Figura 2: Linhas de Corrente em 250 hPa mostrando a Alta da Bolívia (AB) e o Cavado (CC). Média para o período de 1 a 11 de Jan/96. Fonte: CPTEC/INPE em (http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/fig1_17.html)
Exemplo:
A imagem de satélite e a carta sinótica
para 250hPa do dia 30/12/2011 serão utilizadas para ilustrar como identificar a
Alta da Bolívia.
Na imagem de
satélite no canal infra vermelho (Figura 3), é evidente a circulação
anticiclônica que ocorre sobre a Bolívia destacando a alta. O cavado sobre o
Atlântico Sul, na costa brasileira, também pode ser observado. Esses são os
primeiros indícios de que a Alta da Bolívia está atuando sobre o continente.
Figura 3: Imagem do satélite GOES-12, canal
infravermelho, mostrando a Alta da
Bolívia no dia 30/12/2011. Fonte: CPTEC/INPE em (http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/edicoes/2011/dez/fig29b.shtml)
Muitas
vezes a imagem de satélite não esclarece completamente se a Alta da Bolívia
está presente. Assim utiliza-se a carta sinótica de altos níveis para a
identificação do sistema. Na carta sinótica para 250 hPa (Figura 4) é possível
identificar a circulação anticiclônica sobre a Bolívia pelas linhas de corrente. O cavado no litoral do
NE também é observável. Essas características, aliadas ao fato da análise ter
sido feita no período de verão, corroboram para classificar essa alta como a
Alta da da Bolívia.
Figura 4: Carta sinótica para 250hPa. Nota-se a
presença da Alta da Bolívia centrada em 20°S - 70°W e o cavado na costa do NE
Brasileiro. Fonte CPTEC/INPE em (http://img0.cptec.inpe.br/~rgptimg/Produtos-Pagina/Carta-Sinotica/Analise/Altitude/altitude_2011123000.gif)
Referências:
Climanalise (CPTEC/INPE).
Disponível em < http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/17.html>.
Útima visita (10/06/2015)
Lenters, J. D., and K. H. Cook, 1995: Simulation and diagnosis of the regional summertime precipitation climatology of South America. J. Climate, 8, 2988–3005.
Lenters, J. D., and K. H. Cook, 1995: Simulation and diagnosis of the regional summertime precipitation climatology of South America. J. Climate, 8, 2988–3005.
MASTER (IAG/USP).
Disponível em < http://master.iag.usp.br/pr/ensino/sinotica/aula13/>.
Última visita (10/06/2015)
REBOITA, M. S. et al. Regimes de precipitação na América do Sul: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Meteorologia, São José dos Campos, v.25, p.185-204, 2010.
Silva Dias, P. L., W. H. Schubert, and M. DeMaria, 1983: Large-scale response of the tropical atmosphere to transient convection. J. Atmos. Sci., 40, 2689–2707.
REBOITA, M. S. et al. Regimes de precipitação na América do Sul: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Meteorologia, São José dos Campos, v.25, p.185-204, 2010.
Silva Dias, P. L., W. H. Schubert, and M. DeMaria, 1983: Large-scale response of the tropical atmosphere to transient convection. J. Atmos. Sci., 40, 2689–2707.
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