ONDAS DE LESTE
Organizado por:
Vannia Jaqueline Aliaga Nestares
Avaliado por: Dante Campagnoli Napolitano
1. Definição:
As ondas de
leste (OL), também denominadas distúrbios ondulatórios de leste ou ondas
de leste africanas são sistemas de escala sinótica definidas pela Administração
Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) como distúrbios em níveis baixos e de
origem tropical que podem-se desenvolver em ciclones tropicais (Asnani, 2005), principalmente nas bacias do Atântico tropical e do Pacífico oriental (COMET, 2014), e também são responsáveis das chuvas importantes no noreste e norte do Brasil (Caetano, 2011). Segundo Burpee
(1972), a metade das OL são responsáveis pela formação dos ciclones tropicais
no Atlântico; porém, o desenvolvimento dos ciclones não é necessário para a geração
de quantidades significativas de chuva. Segundo a Sociedade Meteorológica Americana, as OL são
geradas devido à combinação da instabilidade barotrópica e baroclínica (Saha e Chang, 1983; Grist, 2002) do jato
africano. Têm um período de 3-4 dias, um comprimento de onda de 2000 – 2500 km
e atingem a longitude máxima na baixa troposfera. Entre Maio e Outubro tem-se
uma média de 60 OL se as condições de grande escala favorecem a existência do
jato africano. As OL podem-se propagar com direção oeste cruzando o Atlântico
Norte tropical e subtropical e podem atingir o mar caribenho e a região
ocidental do Atlântico Norte. Algumas OL podem converter-se em furacões.
Embora existam
várias pesquisas sobre ondas de leste antes de Riehl (1945), foi ele o primeiro
quem tem um artigo ao respeito, onde ele define as ondas de leste como as
perturbações que se movem de leste ao oeste com a aparência de uma onda de
pressão/vento sinusoidal simples ou num sistema mais complexo.
2. Características e Identificação:
As ondas de
leste apresentam-se como um cavado formado pela máxima curvatura ciclônica nos
ventos alísios de leste (COMET, 2007). Apresentam-se percorrendo todo o mundo e tem características ligeiramente diferentes dependendo onde se encontrem no seu caminho pelos trópicos, originando-se em algumas regiões e morrendo em outras (Asnani, 2005).
2.1. Características regionais durante o verão do Hemisfério Norte (HN)
As OL apresentam-se nos trópicos em todo o mundo no verão na
região tropical de ambos Hemisférios, e estão nas vizinhançãs da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), mas não sobre ela (Asnani, 2005), porém são mais estudadas no HN. O origem das OL pode ser apresentado na qualquer região do seu caminho, mas segundo o MASTER (IAG, USP), baseado
em Asnani (2005), o caminho pelos trópicos das OL é o seguinte:
“As OL se originam como fracos sistemas de baixa
pressão, perto da ZCIT, crescendo para depressões tropicais e ocasionalmente
para tufões que afetam as Filipinas, sul do Mar da China, Vietnã, sudeste da
China e Japão. Logo cruzam Vietnã, Tailândia e Burma e atingem a Baía de
Bengal, na qual em condições favoráveis, podem propiciar a formação das
depressões monçônicas; cruzam a Índia e seguem para o Golfo Pérsico leste e se
enfraquecem na porção oeste do golfo. Novamente podem ser detectadas sobre o
norte da África (Carlson, 1969), a oeste de 30°E, e se intensificam à medida que se movem para
oeste, atingindo seu máximo aproximadamente em 5°W. cruzando a costa oeste
africana, adentram no Atlântico enfraquecendo-se e movendo-se sobre o Atlântico
Central e Atlântico Oeste; nesta região são geralmente intensificadas e
propiciam o desenvolvimento dos furacões que afetam o Golfo do México e costa
sudeste dos Estados Unidos da América”.
As características em cada região são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1: Características regionais das ondas de leste.
Fonte: MASTER, IAG – USP, baseado em Asnani (2005).
Característica
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No Pacífico Oeste Central
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Sobre a Índia
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No norte da África
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Sobre o Caribe
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Sobre o Pacífico Leste
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Comprimento de onda
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3500 – 4000 km, decai a
medida que se move para o oeste.
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~2000 km.
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~2500 km
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~2000 km.
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~3000-3500 km.
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Período
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4 a 5 dias.
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5 a 6 dias.
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3,5 dias.
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~4 dias.
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4 a 6 dias.
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Velocidade de propagação
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10 m/s; decai à medida que se
move para oeste.
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4,3 m/s.
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~8 m/s
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~6 m/s
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5-7 m/s.
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Inclinação Horizontal
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NE-SW ao norte do equador e
NW-SE ao sul do equador.
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NNE—SSW
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NE-SW na baixa troposfera.
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NNE—SSW (Saha, 2010)
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NE-SW.
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Inclinação vertical
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No extremo leste (oeste) da
região, inclina para leste (oeste) com a altura; uma média em toda a região
indicaria pouquíssima ou nenhuma inclinação.
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O cavado da onda se inclina
levemente para leste com a altura à medida que a onda se aproxima da Baía de
Bengal.
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Inclina para leste com a
altura na zona de cisalhamento abaixo de 700 hPa.
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O cavado da onda se inclina
para leste em níveis baixos e médios.
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--
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Nuvens e precipitação
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Apresentam-se concentradas
nos extremos da região.
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Predominantemente a oeste da
linha do cavado.
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Ao norte de 12,5°N ocorre
máximo de nebulosidade e precipitação adiante do cavado da onda; ao sul,
ocorrem máximos no eixo do cavado, logrando assim misturarse com a ZCIT.
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Os máximos tendem a ocorrer a
leste da linha do cavado mas bem próximo a ele.
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Máxima nebulosidade no cavado
ou levemente atrás dele, mas a nebulosidade é pequena em todos os casos.
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Aquecimento diabático
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Cerca de 8 K/dia em 400hPa e
1 K/dia em 200hPa e 900hPa.
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Cerca de 10 K/dia com máximo
na alta troposfera.
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--
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--
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--
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Extensão vertical
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O movimento vertical é desde superfície até alta troposfera no caso de ondas bem desenvolvidas com o nível de não divergência em 400 hPa, e até média troposfera no caso de mais fracas (Asnani, 2005).
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--
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Incrementam-se quando a onda move-se para o oeste ao cruzar o centro e oeste da Africa (Burpee, 1974).
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--
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Muito rasas, com máxima intensidade
em 850 hPa, sendo frias até 1,5 km e quentes acima deste nível.
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Quando
apresentam-se no HS, as OL estão nas vizinhanças da ZCIT no Pacífico Oeste Central,
gerando tempestades e ciclones no norte da Austrália e no Índico Sul (Asnani, 2005).
2.2. Características das OL sobre o Atlântico e Caribe
As ondas que se vai a estudar aqui geram-se entre os 15 e 30°E, intensificam-se e atingem sua máxima amplitude sobre África ocidental, debilitam-se sobre o leste do Oceano Atlântico, mas novamente fortificam-se no seu avance pelo Atlântico até chegar ao Caribe (Asnani, 2005). Têm comprimento de onda de 1500-3000 km (15-30° aproximadamente) e atingem sua máxima intensidade entre 850-700 hPa, onde atingem também sua máxima amplitude, têm extensão latitudinal de 10-15° com velocidade de deslocamento para o oeste de 5-10 m/s e têm uma frequência de uma onda cada 3-5 dias no período de maior ocorrência. As ondas primeiramente se formam nos 700 hPa e logo propagam-se para abaixo porque as maiores variações de pressão ocorrem nesse nível; normalmente são de núcleo frio desde superfície até os 600 hPa e têm um núcleo ligeiramente cálido acima deste nível, têm inclinação horizontal de NE-SW na troposfera baixa e por debaixo dos 700 hPa têm inclinação vertical para o leste com a altitude (COMET, 2007).
As ondas que se vai a estudar aqui geram-se entre os 15 e 30°E, intensificam-se e atingem sua máxima amplitude sobre África ocidental, debilitam-se sobre o leste do Oceano Atlântico, mas novamente fortificam-se no seu avance pelo Atlântico até chegar ao Caribe (Asnani, 2005). Têm comprimento de onda de 1500-3000 km (15-30° aproximadamente) e atingem sua máxima intensidade entre 850-700 hPa, onde atingem também sua máxima amplitude, têm extensão latitudinal de 10-15° com velocidade de deslocamento para o oeste de 5-10 m/s e têm uma frequência de uma onda cada 3-5 dias no período de maior ocorrência. As ondas primeiramente se formam nos 700 hPa e logo propagam-se para abaixo porque as maiores variações de pressão ocorrem nesse nível; normalmente são de núcleo frio desde superfície até os 600 hPa e têm um núcleo ligeiramente cálido acima deste nível, têm inclinação horizontal de NE-SW na troposfera baixa e por debaixo dos 700 hPa têm inclinação vertical para o leste com a altitude (COMET, 2007).
Durante os períodos de fluxo meridional de grande escala, os cavados formados pelas ondas de leste são “capturados” por este fluxo, convertendo-as em estacionárias e depois de um tempo pode ocorrer a fratura que normalmente torna-se num fluxo mais fraco. No entanto, ocorre uma exceção quando forma-se uma circulação ciclônica fechada nos ventos de leste. Isto poderia converter-se em um furação (fig 1) (Riehl, 1954).
Figura 1: Isóbaras em superfície. Modelo de aprofundamento nas ondas de leste.
Fonte: Riehl, 1954.
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2.3. Identificação
Devido à quantidade de informação disponível e à área de interesse
de influência das OL, só vai-se estudar a identificação das OL sobre o
Atlântico até atingir o Caribe. Além disso, a identificação pode ser de três
formas diferentes: horizontal, vertical e através de imagens de satélite.
2.3.1. De forma horizontal
Esta forma de identificação está baseada nos estudos realizados por Riehl em 1945, e o modelo para a identificação das
ondas é conhecido como o modelo “clássico” das ondas de leste de Riehl.
Pode-se identificar uma onda de leste em
uma carta de isóbaras em superfície (com intervalo de 2 hPa) e linhas de
corrente em 700 hPa, como a mostrada na figura 2, onde observam-se ventos de leste e sudeste atrás do eixo do cavado e ventos do norte e nordeste à frente do
eixo do cavado. Nota-se também que em 700 hPa o eixo da onda localiza-se ao leste do eixo da onda em superfície (inclinação para leste com a altitude),
assim como uma circulação ciclônica fechada neste nível quando a onda é
intensa. É representativa a convergência ao leste do eixo e divergência ao oeste.
Outra forma de identificação na horizontal
é com linhas de tendência de pressão em superfície feitas por Dunn em 1940, uma queda de
pressão em 24 horas de 0,5-3,0 hPa precedem o passar da onda, e subidas de
pressão ocorrem depois que a onda passa. Além
disso, as regiões de divergência em baixos níveis correspondem a áreas de queda
de pressão e regiões de convergência em baixos níveis correspondem à áreas de
incremento de pressão (Riehl,1954).
2.3.2. De forma vertical
Esta forma de identificação também está baseada nos estudos
realizados por Riehl em 1945. Mediante um corte vertical desde a superfície até 400 hPa dos ventos (fig 3) mantendo constante a latitude, mas
variando a longitude. Os ventos ao oeste do eixo da onda apresentam-se com
direção lestenordeste (ENE), nordeste (NE) e norte (N), ao contrário daqueles ao leste do eixo da onda que encontram-se com direção lestesudeste (ESE) e sudeste
(SE). Também observa-se que a curvatura máxima encontra-se entre 1500-3000
metros (850-700 hPa). Além disso, a componente leste do vento é forte próxima do eixo da onda, e fraca muito próxima dele, por isso observa-se
divergência frente o cavado e convergência depois dele em níveis baixos. Como
em níveis altos a região de convergência em superfície é compensada por
divergência e vice-versa, o eixo da onda inclina-se para leste.
Outra forma de fazer o corte vertical é
mantendo constante a latitude e longitude, mas variando o tempo (corte vertical
de uma série temporal) (Riehl, 1954). COMET (2007), apresenta o estudo realizado por Riehl em
1944, onde observa-se uma onda de leste passando pelo Caribe, onde os padrões
de nebulosidade típica e precipitação representativa associada estão discutidos nas Figuras 4-7.
Na crista localizada diante do cavado
observa-se nebulosidade com altitude média tipo cumulus de bom tempo (sem
precipitação) (fig 4).
Figura 4: Corte vertical
de uma série temporal através de uma onda de leste. A zona não sombreada
representa a região analisada.
Fonte: COMET (2007),
baseado em Riehl (1945).
|
Quando aproxima-se o eixo da onda (diante
do cavado), os cumulus são mais profundos e altos, além de formar-se cirrus e
altocumulus com geração de pouca chuva próximo ao eixo da onda (fig 5).
Figura 5: Corte verticalde uma série
temporal através de uma onda de leste. A zona não sombreada representa a região analisada.
Fonte: COMET
|
Sobre o eixo do cavado, as nuvens são mais
complexas e desenvolvem-se cumulus congestus e cumulonimbus. Ainda observam-se
cirrus e altocumulus, assim como estratocumulus, altrostratus e cirrostratus, e
a frequência e intensidade das chuvas incrementa-se, chegando a ser
moderadas e fortes, com alguma chuva ligeira entre estas (fig 6).
Figura 6: Corte vertical de uma série temporal através de uma onda de leste. A zona não sombreada
representa a região analisada.
Fonte: COMET
|
Quando a onda passa para oeste, as chuvas fortes diminuem e a nebulosidade e precipitação têm redução paulatina. As
condições voltam a ser como na dorsal (bom tempo) (fig 7).
Figura 7: Corte vertical de uma série temporal através de uma onda de leste. A zona não sombreada representa a
região analisada.
Fonte: COMET
|
2.3.3. Nas imagens de satélite no canal infravermelho
Os padrões de nebulosidade e
precipitação das ondas de leste variam dependendo de cada onda, para isso,
sobre o Caribe (as que estudamos aqui), o modelo principal que analisa a
identificação das ondas de leste é o modelo de onda em “V invertido de Frank". Frank (1969) expressa que os padrões de
nebulosidade dentro da OL em uma imagem de satélite podem ser observados em
forma de “V invertido”, uma ao norte da outra, entre os 5 e 25°N. Este padrão
de nebulosidade tende a alinhar-se em sentido paralelo ou quase-paralelo aos
ventos da baixa troposfera ou à cortante (fig 8). Além disso, Frank (1969) diz que a
formação da onda em níveis baixos é uma resposta a um cavado em níveis altos
(fig 9), isto é contrário ao dito por Riehl (1945), que especifica que a onda só
existe em níveis baixos.
Figura 8: Esquema mostrando a relação
entre o padrão de nebulosidade em forma de “V
Fonte: Frank, 1969.
|
Frank fez um estudo do caso real em Julho de 1967, identificando ondas de leste com imagens de satélite, onde observa-se
o modelo de “V invertido” (figura 10).
Figura 10: Série de
imagens diárias onde mostra-se o movimento da onda quando atravessa o Atlântico
desde a costa de África até o Caribe.
Fonte: COMET, 2007,
baseado em Frank, 1969.
|
Nota-se que a quantidade de bandas ou
letras “V” é diferente em cada dia, assim como em alguns dias não detecta-se
um “V” bem formado e só uma parte dele.
2.3.4. Modelo de ondas africanas
As ondas que localizam-se sobre
África também têm uma extensão latitudinal de 10-15° e normalmente não têm um
vórtice em superfície associado a elas até atingirem a costa ocidental da África,
onde obtêm sua máxima amplitude e intensidade. O padrão de nebulosidade
associada a estas ondas é circular ou em bandas e quase não há definição sobre
terra até atingir a costa.
Para determinar os padrões de
divergência, vorticidade e precipitação no plano horizontal quando se formam OL
sobre a África, Reed et al (1977) fizeram um estudo em agosto e setembro de 1974,
onde obtiveram os seguintes resultados, expostos na Figura 11:
Nos níveis inferiores, à frente do eixo da onda se produz
convergência e atrás, divergência. Em altos níveis, no entanto, esse padrão é contrário. Note que este padrão, principalmente em
superfície, é oposto ao modelo clássico de Riehl (1945).
Na figura 12 observa-se que à frente e sobre
o eixo da onda produz-se vorticidade ciclônica em níveis inferiores, com
valores maiores em 700 hPa próximo aos 10°N.
As figuras 13 e 14 mostram que à frente da
onda há fortes movimentos ascendentes, acompanhado dos máximos de nebulosidade
e precipitação, porém a atividade de chuva e tormentas mais intensa
encontram-se a certa distância adiante do cavado.
Figura 13: Movimento vertical (hPa/hora).
R, N, T e S representam a crista (ridge), norte, cavado (trough) e sul da onda,
respectivamente.
Fonte: Reed et al, 1977.
|
3. Exemplo:
O exemplo
seguinte (Figura 15) apresenta uma onda de leste que se formou sobre a costa ocidental da
África e percorreu todo o Atlântico até atingir o Caribe e colaborar na formação
da tempestade tropical Gabrielle
ocorrida entre 4 e 13 de setembro de 2013 (Avila, 2013).
Figura
15: Pressão reduzida ao nível do mar (linhas pretas) e linhas de corrente em
700 hPa (azul). Eixo da onda em 700 hPa (linha azul) e em superfície (linha
vermelha)
|
Inicialmente pela análise horizontal da Figura 16, observa-se que a onda foi identificada sobre o ocidente
da África em 26 de agosto de 2013 e logo foi deslocando-se para o oeste; em 29 de agosto o eixo da onda atinge os 45°W e tem um comprimento de onda aproximado de
20° (desde 60°W até 40°W) e uma amplitude aproximada de 12° (desde 10°N até
22°N), nesse dia observa-se também o eixo da onda em nível superficial (linha
vermelha) localizada mais à oeste do eixo em níveis altos (linha azul) o que
indica a orientação da onda para leste com a altura. Quando a onda passa
pelos 60°W observa-se que diminui sua velocidade ficando sobre esta longitude
por vários dias, onde une-se com outras ondas e logo colabora para a formação duma
circulação ciclônica fechada ao sul de Porto Rico em 5 de setembro, o qual tornou-se
na tempestade tropical Gabrielle.
Seguindo a
análise horizontal, na figura 16 observa-se que o 28 de agosto observa-se a diferença
marcada entre as quedas e aumentos de pressão em superfície quando passa a onda
analisada. Na região dianteira do cavado existem quedas de pressão de hasta 2
hPa, mas na região traseira, um aumento de pressão de até 0,6 hPa.
Figura 17: Divergência
e linhas de corrente em 200 hPa).
|
Figura 18: Corte
vertical dos ventos e da temperatura potencial equivalente. Linhas azuis
representam as ondas nos diferentes níveis onde podem ser observadas.
|
Pela análise
vertical dos ventos (fig 18) nota-se que o eixo da onda está inclinado para leste
com a altura, principalmente entre 900 e 500 hPa. Além disso os ventos são mais
fracos perto do eixo da onda e mais fortes mais longe deste. Isso permite
verificar o dito por Riehl (1969), há convergência atrás do eixo da onda, e
divergência à frente. Além disso, em 29 de agosto pode-se verificar o núcleo frio
da onda até os 600 hPa, seguido de um núcleo ligeiramente quente sobre este
nível. Isto se verificou com a temperatura potencial equivalente que fecha um
núcleo frio quando num mesmo nível de pressão, sobre o núcleo, a temperatura é
menor que nos arredores (fig 19).
Na figura 20
(perfil vertical e temporal do vento) observa-se também o eixo da onda
inclinado para leste, além de notar que sobre o ponto 12°N-45°W a onda
expressa-se melhor as 12Z do dia 29 de agosto. Observa-se que antes do passo da
onda, os ventos são de leste, mas entre as 18Z do 28 de agosto e 00Z do 31 de
agosto os ventos tem uma componente norte diante do eixo e uma componente sul
atrás do eixo da onda. Nota-se também que o máximo giro dos ventos (mudança na
direção dos ventos) está entre os 850 e 700 hPa.
Na figura 21
nota-se que quando a onda está passando pelos 45°W (00, 06 y 12Z do 29 de
agosto) há movimento vertical ascendente e aumento de umidade, mas ocorre o contrário
depois que a onda passa.
Por último, na figura 22 observa-se uma análise das ondas de leste com imagens de satélite. A animação inicia nas 02:45Z do 26 de agosto de 2013, onde pode-se identificar um trem de ondas formado por duas ondas que avançam para o oeste e, após um dia, surge uma nova onda (cor azul claro). No centro de Atlântico estas ondas avançam com uma aceleração relativamente constante, mas quando se aproximam ao Caribe, estas ondas se desaceleram, até esperar a chegada da terceira onda, que colabora com a geração da Gabrielle.
Figura 19: Igual que a figura 18. Q (núcleo quente) e F (núcleo frio). |
Figura 20: Perfil vertical-temporal do ventos. Eixo da onda sobre 12°N-45°W (linha vermelha) e apresentação da máxima curvatura dos ventos (círculo azul).
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Figura 21: Animação do movimento vertical e humidade relativa. A linha roxa representa o ponto vermelho na figura na esquina superior direita.
|
Por último, na figura 22 observa-se uma análise das ondas de leste com imagens de satélite. A animação inicia nas 02:45Z do 26 de agosto de 2013, onde pode-se identificar um trem de ondas formado por duas ondas que avançam para o oeste e, após um dia, surge uma nova onda (cor azul claro). No centro de Atlântico estas ondas avançam com uma aceleração relativamente constante, mas quando se aproximam ao Caribe, estas ondas se desaceleram, até esperar a chegada da terceira onda, que colabora com a geração da Gabrielle.
4. Referências:
4.1. ASNANI, C.G. 2005. Tropical
Meteorology. Chapter 4. Easterly Waves. Indian Institute of Tropical
Meteorology.
4.2. Avila, L.
National Hurricane Center. Tropical Cyclone Report. Tropical Storm Gabrielle
(AL072013). 4-13 September 2013.
4.3. Burpee, R. 1972.
The Origin and Structure of Easterly Waves in the Lower Troposphere of North
Africa. Journal of the Atmosferic Sciences. Vol 29. 77-90.
4.4. Burpee, R. 1974. Characteristics of North African Easterly Waves During the Summers of 1968 and 1969. Journal of the Atmosferic Sciences. Vol 31. 1556-1570.
4.4. Burpee, R. 1974. Characteristics of North African Easterly Waves During the Summers of 1968 and 1969. Journal of the Atmosferic Sciences. Vol 31. 1556-1570.
4.5. Caetano, J.
2011. Análise das ondas de leste sobre a costa leste do nordeste do Brasil para
o período entre 1999-2009. Dissertação do Mestrado. Programa de Pós-graduação
em Meteorologia do Instituto de Geociências do Centro de Ciências Matemáticas e
da Natureza da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGM-IGEO-CCMNUFRJ).
4.6. Carlson, T. 1969. Synoptic histories of three african disturbances that developed into atlantic hurricanes. Monthly Weather Review. Vol 97. N° 3. 256-276.
4.7. Carlson, T. 1969. Some remarks on african disturbances and their progress over the tropical Atlantic. Monthly Weather Review. Vol 97. N° 10. 716-726.
4.6. Carlson, T. 1969. Synoptic histories of three african disturbances that developed into atlantic hurricanes. Monthly Weather Review. Vol 97. N° 3. 256-276.
4.7. Carlson, T. 1969. Some remarks on african disturbances and their progress over the tropical Atlantic. Monthly Weather Review. Vol 97. N° 10. 716-726.
4.8. COMET-Program e
University Corporation of Atmospheric Research. 2007. Modelos Conceptuais de
Ondas Tropicais. (http://www.meted.ucar.edu/meteoforum/tropwaves_sp/print_version/print_index.htm)
4.9. COMET-Program e
University Corporation of Atmospheric Research. 2012-2014. Ondas Tropicais de Leste.
(https://www.meted.ucar.edu/tropical/synoptic/Afr_E_Waves_es/navmenu.php?tab=1&page=1.0.0&type=flash)
4.10. Frank, N. 1969.
The “Inverted V” cloud pattern – na easterly wave? 1969. Montly Weather Review.
Vol. 97, N° 2. 130 – 140.
4.11. Glossário online
da NOAA: http://w1.weather.gov/glossary/index.php?letter=e
4.12. Glossário online
da Sociedade Meteorológica Americana: http://glossary.ametsoc.org/wiki/African_Easterly_Wave
4.13. Grist, J. 2002. Easterly waves over Africa. Part I: The seasonal Cycle and Contrasts between wet and dry years. Monthly Weather Review. Vol 130. 197-211.
4.13. Grist, J. 2002. Easterly waves over Africa. Part I: The seasonal Cycle and Contrasts between wet and dry years. Monthly Weather Review. Vol 130. 197-211.
4.14. Reed, R.J., D.C. Norquist and E.E. Recker. 1977. The structure and properties of African wave disturbances as observed during Phase III of GATE. Montly Weather Review. Vol. 105, N° 2. 317-333
4.15. Riehl, H. 1954. Tropical Meteorology. McGraw-Hill Book Company, Inc. Estados Unidos.
4.15. Riehl, H. 1954. Tropical Meteorology. McGraw-Hill Book Company, Inc. Estados Unidos.
4.16. Saha,K. e Chang, C-P. The baroclinic processes of monsoon depressions. Montly Weather Review. Vol. 111. 1506-1514.
4.17. Saha, K. 2010. Tropical
Circulation System and Monsoons. Chapter 2: Tropical Disturbances. Editorial
Springer.
4.18. Tópicos de
Ensino do Meteorologia Aplicada a Sistemas de Tempo Regionais (MASTER).
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). Universidade
de São Paulo (USP). 2004. http://masterantiga.iag.usp.br/ind.php?inic=00&pos=1&prod=ensino
OBSERVACÃO: Os
dados utilizados para a elaboração dos gráficos no exemplo são análises do GFS.
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