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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Geada

Organizado por: Vítor Silva Lopes
Revisado por: Alberto José Bié


DEFINIÇÃO

Orvalho pode ser definido como a condensação, na forma de pequenas gotículas de água, que se acumula sobre a superfície. Isso ocorre quando a temperatura do ar atinge o ponto de condensação, em outras palavras, quando ela atinge a temperatura de ponto de orvalho, que está acima de 0oC. Em geral, essa condensação ocorre pela intensa perda radiativa da superfície ao longo da noite (Word Meteorological Organization / CPTEC).

Geada branca, na meteorologia, é definida quando há deposição de gelo sobre plantas e objetos expostos ao relento. Isso ocorre sempre que a temperatura atinja 0°C e a atmosfera tenha umidade (Pereira, Angelocci e Sentelhas, 2007).

CARACTERÍSTICAS E IDENTIFICAÇÃO

Podem-se destacar dois principais mecanismos formadores de geada: (1) geada de advecção ou vento frio e (2) geada de radiação.

(1) Geada de advecção: provocada pela ocorrência de ventos fortes e constantes advindos da região polar, ou seja, carregando uma intensa massa de ar frio;

(2) Geada de radiação: ocorre quando há um intenso resfriamento da superfície por perda de radiação de onda longa durante noites de céu limpo, sem vento e sob efeito de um anticiclone estacionário que, em geral, está associado ao período pós-frontal.

Existem também ocorrências de geadas formadas pela ação conjunta de ambos os mecanismos.
Geadas podem também ser diferenciadas em dois tipos quanto a seu aspecto visual: (a) geada branca e (b) geada negra.

(a) Geada branca: ocorre quando há o congelamento do vapor d’água sobre as plantas. Está diretamente associado ao intenso resfriamento noturno e alta umidade relativa do ar (Fig. 1).


Figura 1. Geada branca ocorrida no dia 03/06/2015 em São Joaquim - SC. Fonte: <www.saojoaquimonline.com.br>


(b) Geada negra: associada à intensa perda radiativa ao longo da noite e baixa umidade relativa do ar. A baixa de quantidade de vapor próximo a superfície faz com que haja um resfriamento ainda maior. Em geral, esse tipo de geada é mais severo pois causa o congelamento de estruturas internas da planta (Fig.2).


Figura 2. Geada negra ocorrida em 1975 no estado do Paraná. Fonte: <www.saojoaquimonline.com.br>

     
Para identificação do orvalho em cartas sinóticas de superfície devemos ter a temperatura do ar próxima a temperatura de ponto de orvalho. Vale ressaltar que em situações onde a cobertura de nuvens é máxima é possível que não haja ocorrência orvalho, e sim precipitação. A Figura 3 exemplifica essa situação.


Figura 3. Carta sinótica de superfície (modificada). As áreas destacadas em vermelho são regiões com possível formação de orvalho. Fonte: CPTEC/INPE

Para identificação de geada em cartas sinóticas de superfície devemos ter temperatura do ar igual ou inferior a 4°C. Essa temperatura é devido à diferença entre a temperatura da relva e a temperatura da estação meteorológica. Em geral, essa diferença é da ordem de 2°C/m. A Figura 4 exemplifica essa situação.


Figura 4. Carta sinótica de superfície (modificada). As áreas destacadas em vermelho são regiões com possível formação de geada branca. Fonte: CPTEC/INPE



EXEMPLO

Geada no dia 12/06/2015 no interior do Rio Grande do Sul.

A Figura 5 mostra as temperaturas mínimas para a região sul do Brasil.


Figura 5. Temperaturas mínimas da região sul do Brasil. Fonte: Inmet


Nota-se que os valores de temperatura mínimas giram em torno de 2°C a 6°C para o estado do Rio Grande do Sul. 


Figura 6. Umidade relativa em 2m e vento a 10m da região sul do Brasil. Fonte: Inmet

Nota-se valores mais altos de umidade relativa para a região nordeste do Rio Grande do Sul (T=Td). Essa umidade combinada à baixa temperatura da região são condições que favorecem a formação de geada.


Figura 7. Carta sinótica de superfície 12/06/15 - 06Z. Fonte: CPTEC/INPE

As condições meteorológicas apresentadas anteriormente são devido à incursão de um anticiclone pós-frontal como mostra a Figura 7. Através das linhas de espessura (em vermelho) pode-se notar a atuação de uma massa de ar mais frio sobre a região. Sua ocorrência foi registrada em foto (Fig. 8).


Figura 8. Geada ocorrida em Caxias do Sul - RS em 12/06/15. Fonte: Daniela Alves. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/frio-volta-ao-rio-grande-do-sul-e-temperatura-fica-abaixo-de-1c.html>.

O exemplo apresentado mostra a configuração mais comum associada a ocorrência de geada:

- Passagem de um sistema sistema frontal;
- Incursão de um anticiclone migratório pós-frontal;
- Queda brusca na temperatura associada à perda radiativa ao longo da noite


POÇO DOS ANDES

    Ver explicação em:
    http://www.master.iag.usp.br/static/downloads/apostilas/aula12_Geadas.pdf

EXEMPLO 2 (Alberto Bié)

Muitos campos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná amanheceram como um tapete branco por causa da geada forte e generalizada de 16 de junho de 2015. Foi a primeira geada de grande extensão na Região Sul, com força para causar danos nas pastagens e em outras culturas menos resistentes ao frio. (Fonte: Climatempo)

Figura 10. Mapa de geada nos ultimos 5 dias. Modificada de: INMET (http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/geada).



Figura 11. Temperaturas mínimas da região sul do Brasil, para o dia 16.06.15 as 06Z. Fonte: INMET

Os valores de temperatura mínimas giram em torno de 4°C a 2°C para o maior parte dos estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.


Figura 12. Carta sinótica de superfície do dia 16/06/15 as 00Z. Fonte: CPTEC/INPE

Olhando para carta sinótica em superfície para as 00Z do dia 16 de Junho de 2015, nota-se que a geada ocorreu sob condições muito parecidas a um "poço dos andes". As regiões do RS, SC e PR encontram-se sobre influenciam de uma alta pós-frontal. Embora a baixa sobre o Atlântico Sul não “advecte” ar frio para o continente (como sugere o esquema do poço dos andes), a Alta Subtropical do Pacifico Sul e a baixa pressão associada a frente no extremo sul do continente “advectam” ar frio para o continente. A análise do GFS mostra advecção negativa de temperatura ao longo do litoral do Uruguai, RS e SC (Figura 13).



Figura 13. Advecção de Temperatura (Análise do modelo GFS - aulamaster), para o dia 16/06/2015 as 00Z. 



REFERÊNCIAS

Apontamentos de Meteorologia Sinótica, disponíveis em:
<http://master.iag.usp.br/pr/ensino/sinotica/aula12/>, acessado em 18/06/2015

- Agência de notícias São Joaquim Online. <http://saojoaquimonline.com.br/>

- Cartas sinóticas de impressão e superfície CPTEC/INPE. Disponível em: <http://img0.cptec.inpe.br/~rgptimg/Produtos-Pagina/Carta-Sinotica/Analise/Superficie/?C=M;O=D>

Climatempo:

- Glossário técnico CPTEC/INPE. Disponível em: <http://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml>

- Meteorologia Agrícola. Antônio R. Pereira, Luiz R. Angelocci e Paulo C. Sentelhas, 2007.

- METEOTERM (World Meteorological Organization).Disponível em: <https://www.wmo.int/pages/prog/lsp/meteoterm_wmo_en.html>

- Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria. <http://climayagua.inta.gob.ar/>

- Previsão Numérica INMET (Modelo COSMO). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/vime/?M=TempMinimaV10m> 

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