Organizado por: Vítor Silva Lopes
Revisado por: Alberto José Bié
Revisado por: Alberto José Bié
DEFINIÇÃO
Orvalho
pode ser definido como a condensação, na forma de pequenas gotículas de água,
que se acumula sobre a superfície. Isso ocorre quando a temperatura do ar
atinge o ponto de condensação, em outras palavras, quando ela atinge a temperatura
de ponto de orvalho, que está acima de 0oC. Em geral, essa condensação ocorre pela intensa perda
radiativa da superfície ao longo da noite (Word
Meteorological Organization / CPTEC).
Geada branca,
na meteorologia, é definida quando há deposição de gelo sobre plantas e objetos
expostos ao relento. Isso ocorre sempre que a temperatura atinja 0°C
e a atmosfera tenha umidade (Pereira, Angelocci e Sentelhas, 2007).
CARACTERÍSTICAS E IDENTIFICAÇÃO
Podem-se
destacar dois principais mecanismos formadores de geada: (1) geada de advecção
ou vento frio e (2) geada de radiação.
(1) Geada de advecção: provocada pela ocorrência de
ventos fortes e constantes advindos da região polar, ou seja, carregando uma
intensa massa de ar frio;
(2) Geada de radiação: ocorre quando há um intenso
resfriamento da superfície por perda de radiação de onda longa durante noites
de céu limpo, sem vento e sob efeito de um anticiclone estacionário que, em
geral, está associado ao período pós-frontal.
Existem
também ocorrências de geadas formadas pela ação conjunta de ambos os
mecanismos.
Geadas
podem também ser diferenciadas em dois tipos quanto a seu aspecto visual: (a)
geada branca e (b) geada negra.
(a) Geada branca: ocorre quando há o congelamento do
vapor d’água sobre as plantas. Está diretamente associado ao intenso
resfriamento noturno e alta umidade relativa do ar (Fig. 1).
Figura 1. Geada branca ocorrida no dia 03/06/2015 em São Joaquim -
SC. Fonte: <www.saojoaquimonline.com.br>
(b) Geada negra: associada à intensa perda radiativa
ao longo da noite e baixa umidade relativa do ar. A baixa de quantidade de
vapor próximo a superfície faz com que haja um resfriamento ainda maior. Em
geral, esse tipo de geada é mais severo pois causa o congelamento de estruturas internas da planta (Fig.2).
Figura 2. Geada negra ocorrida em 1975 no estado do Paraná. Fonte:
<www.saojoaquimonline.com.br>
Para
identificação do orvalho em cartas sinóticas de superfície devemos ter a
temperatura do ar próxima a temperatura de ponto de orvalho. Vale ressaltar que em situações onde a cobertura de nuvens é máxima é possível que não haja ocorrência orvalho, e sim precipitação. A Figura 3
exemplifica essa situação.
Figura 3. Carta sinótica de superfície (modificada). As áreas
destacadas em vermelho são regiões com possível formação de orvalho. Fonte:
CPTEC/INPE
Para
identificação de geada em cartas sinóticas de superfície devemos ter temperatura
do ar igual ou inferior a 4°C. Essa temperatura é devido à diferença entre a temperatura da relva e a temperatura da estação meteorológica. Em geral, essa diferença é da ordem de 2°C/m. A Figura 4 exemplifica essa situação.
Figura 4. Carta sinótica de superfície (modificada). As áreas
destacadas em vermelho são regiões com possível formação de geada branca. Fonte:
CPTEC/INPE
EXEMPLO
Geada no dia 12/06/2015 no interior do Rio Grande do Sul.
A Figura 5 mostra as temperaturas mínimas para a região sul do Brasil.
Figura 5. Temperaturas mínimas da região sul do Brasil. Fonte: Inmet
Nota-se que os valores de temperatura mínimas giram em torno de 2°C a 6°C para o estado do Rio Grande do Sul.
Figura 6. Umidade relativa em 2m e vento a 10m da região sul do Brasil. Fonte: Inmet
Nota-se valores mais altos de umidade relativa para a região nordeste do Rio Grande do Sul (T=Td). Essa umidade combinada à baixa temperatura da região são condições que favorecem a formação de geada.
Figura 7. Carta sinótica de superfície 12/06/15 - 06Z. Fonte: CPTEC/INPE
As condições meteorológicas apresentadas anteriormente são devido à incursão de um anticiclone pós-frontal como mostra a Figura 7. Através das linhas de espessura (em vermelho) pode-se notar a atuação de uma massa de ar mais frio sobre a região. Sua ocorrência foi registrada em foto (Fig. 8).
Figura 8. Geada ocorrida em Caxias do Sul - RS em 12/06/15. Fonte: Daniela Alves. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/frio-volta-ao-rio-grande-do-sul-e-temperatura-fica-abaixo-de-1c.html>.
O exemplo apresentado mostra a configuração mais comum associada a ocorrência de geada:
- Passagem de um sistema sistema frontal;
- Incursão de um anticiclone migratório pós-frontal;
- Queda brusca na temperatura associada à perda radiativa ao longo da noite
POÇO DOS ANDES
Ver explicação em:
http://www.master.iag.usp.br/static/downloads/apostilas/aula12_Geadas.pdf
EXEMPLO 2 (Alberto Bié)
Muitos
campos do Rio Grande
do Sul, de Santa Catarina e
do Paraná amanheceram como um tapete branco por causa
da geada forte e generalizada de 16 de junho de 2015. Foi a primeira geada de
grande extensão na Região Sul, com força para causar danos nas pastagens e em
outras culturas menos resistentes ao frio. (Fonte: Climatempo)
Figura 10. Mapa de geada nos ultimos 5 dias. Modificada de: INMET (http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/geada).
Figura 11. Temperaturas mínimas da região sul do Brasil, para o dia 16.06.15 as 06Z. Fonte: INMET
Os valores de temperatura mínimas giram em torno de 4°C a 2°C para o maior parte dos estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Figura 12. Carta sinótica de superfície do dia 16/06/15 as 00Z. Fonte: CPTEC/INPE
Olhando para carta sinótica
em superfície para as 00Z do dia 16 de Junho de 2015, nota-se que a geada
ocorreu sob condições muito parecidas a um "poço dos andes". As regiões
do RS, SC e PR encontram-se sobre influenciam de uma alta pós-frontal. Embora a
baixa sobre o Atlântico Sul não “advecte” ar frio para o continente (como
sugere o esquema do poço dos andes), a Alta Subtropical do Pacifico Sul e a
baixa pressão associada a frente no extremo sul do continente “advectam” ar
frio para o continente. A análise do GFS mostra advecção negativa de
temperatura ao longo do litoral do Uruguai, RS e SC (Figura 13).
Figura 13. Advecção de Temperatura (Análise do modelo GFS -
aulamaster), para o dia 16/06/2015 as 00Z.
REFERÊNCIAS
- Apontamentos de Meteorologia Sinótica, disponíveis em:
<http://master.iag.usp.br/pr/ensino/sinotica/aula12/>, acessado em 18/06/2015
- Agência de notícias São Joaquim Online. <http://saojoaquimonline.com.br/>
- Cartas sinóticas de impressão e superfície CPTEC/INPE.
Disponível em: <http://img0.cptec.inpe.br/~rgptimg/Produtos-Pagina/Carta-Sinotica/Analise/Superficie/?C=M;O=D>
- Climatempo:
<http://www.climatempo.com.br/noticias/317972/imagens-e-os-numeros-do-frio-de-16062015/>, acessado em 17/06/2015
- Glossário técnico CPTEC/INPE. Disponível em: <http://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml>
- Meteorologia Agrícola. Antônio R. Pereira, Luiz R. Angelocci
e Paulo C. Sentelhas, 2007.
- METEOTERM (World
Meteorological Organization).Disponível em: <https://www.wmo.int/pages/prog/lsp/meteoterm_wmo_en.html>
- Instituto Nacional
de Tecnología Agropecuaria. <http://climayagua.inta.gob.ar/>
- Previsão Numérica INMET (Modelo COSMO). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/vime/?M=TempMinimaV10m>
- Previsão Numérica INMET (Modelo COSMO). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/vime/?M=TempMinimaV10m>
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