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quarta-feira, 10 de junho de 2015

20150610

Análise Sinótica: 10/06/2015 00

Dante Campagnoli Napolitano

Figura 1. Composite de imagens de satélite (GOES) de vapor d'água e vapor de água com destaque para temperatura. Painel esquerdo: Linhas vermelhas - JST; Linhas laranjas - JPN; Linhas amarelas - JPS. Painel direito: Região destacada verde: ZCIT.

Pela Figura 1, é possível estimar a posição dos Jatos Subtropical (JST), Polar Norte (JPN) e Polar (Sul). Com destaque para o acoplamento dos jatos sobre a América do Sul e, pouco após atingir o Oceano Atlântico, o desacoplamento do JST. No painel esquerdo, podemos estimar a espessura, orientção e posição da ZCIT no Atlântico e no Pacífico, pela formação de nuvens em altos níveis da troposfera.
                          (a)                                                 (b)                                                 (c)
Figura 2. Corte vertical do modelo GFS em 3 longitudes: (a) painel esquerdo: 95°W;  (b) painel central: 55°W; (c) painel direito: 10°W.

Analisando a Figura 2 (faremos uma revisão em aula...), notamos o padrão de acoplamento dos jatos em diferentes latitudes e níveis ao longo do seu caminho quase-zonal W-E. Tal análise permitirá melhor identificação dos jatos nas cartas sinóticas de 250, 500, onde os jatos são visíveis. 
Figura 3. Análise da carta sinótica de 250 hPa gerada pelo modelo GFS. Linhas vermelhas - JST; Linhas laranjas - JPN; Linhas amarelas - JPS. Elipses vermelhas - Centros alta pressão; Elipses azuis - Centros baixa pressão; Linhas pretas tracejadas - cavados; Linhas pretas em escada - cristas

Na Figura 3, o JST inicialmente se encontra acoplado ao JPN (Fig 2.a)  entre 25-30° S. Ao cruzar o continente, em aproximadamente 70° W, o JPS une-se aos outros dois, como indicado na Fig 2.b, e pelas linhas de geopotencial e velocidade do vento da Fig.3. Após cruzar o continente, podemos inferir pela trajetória das linhas de corrente e direção/intensidade do vento que ocorre difluência dos jatos (cofirmado na Fig 2.c). O JST reaparece em latitudes mais baixas próximo a 10° W, enquanto o JPN e JPS permanecem acoplados.

Nota-se ainda um acoplamento do JPN e do JPS em 55° S, 95° W (Fig 2.a). Mais à oeste, a julgar pela trajetória das linhas de corrente, direção e intensidade do vento, podemos inferir que o JPN e JPS se separam, acoplando-se novamente em aprox.  35° S, 70° W, junto ao JST.

Como na análise 20150609, o centro de baixa pressão continua sobre o continente, porém o centro de alta pressão sobre o Pacífico deslocou-se para parte do continente e do centro de alta pressão sobre o continente podemos observar apenas uma crista entre aprox. 15-25° S, 70-65° W. O cavado sobre os jatos permanece, assim como a crista e cavados identificados abaixo de 45° S. A configuração de bloqueio (embora não confirmada como situação de bloqueio), representada pela crista e cavado opostos, "dividindo" o vento entre 15-30° S, deslocou-se um pouco para E.

Figura 4. Análise da carta sinótica de 500 hPa gerada pelo modelo GFS. Linhas laranjas - JPN; Linhas amarelas - JPS. Elipses vermelhas - Centros alta pressão; Elipses azuis - Centros baixa pressão; Linhas pretas tracejadas - cavados; Linhas pretas em escada - cristas.

Como visto na Figura 2, o acoplamento do JPN e JPS próximo a 95° W estende-se verticalmente e pode ser observado em 500 Hpa, assim como o acoplamento em 55° W, onde pela temperatura notamos em 500 Hpa a influência do JPN e JPS. Após o desacoplamento dos jatos, notamos, em 10° W que apenas o JPN e o JPS atingem 500 Hpa, como representado na Figura 4.

O centro de baixa pressão sobre o continente não pode mais ser observado. Ao invés disso, notamos um grande centro de alta pressão sobre parte do continente e parte do Oceano Atlântico. Os centros de alta e baixa pressão na faixa de 40° S deslocaram-se um pouco para leste, enquanto o centro de baixa do Hemisfério Norte deslocou-se pouco para W.

Um grande cavado que se estende do Chile a 120° W no oceano Pacífico ainda pode ser observado, assim como outros pequenos cavados e cristas.
Figura 5. Análise da carta sinótica de 850 Hpa gerada pelo modelo GFS. Elipses vermelhas - Centros alta pressão; Elipses azuis - Centros baixa pressão; Linhas verdes tracejadas - cavados; Linhas verdes em escada - cristas.
A Figura 5 nos mostra praticamente as mesmas feições de 500 Hpa, embora agora é possível notar a região de Alta Pressão do Atlântico Sul melhor representada. Parte de um centro de baixa pode ser observado ao sul do "cinturão" de baixas pressões. Pode-se ver ainda um grande cavado (é uma crista!) sobre o continente, possivelmente influenciando a precipitação no litoral da região nordeste (Figura 8). 

Figura 6. Composite de mapas em 1000 hPa de divergência de umidade e vorticidade (painel esquerdo) e divergência de umidade e ventos (painel direito). Caixas amarelas e vermlhas representam regiões de destaque para as propriedades.

Com a utilização da Figura 6, podemos observar melhor algumas características que nos permitirão identificar melhor regiões de frente e a ZCIT (estimada da Fig. 1). Nota-se primeiramente grande convergência de umidade na região equatorial (destaque amarelo em ~5° N). Analisando também a convergência do vento (destaque vermelho), podemos identificar com maior precisão a ZCIT (Figura 7). 

Os destaques amarelos ao sul de 25° S indicam regiões de frente, onde há convergência de umidade e vorticidade negativa. Para a frente centrada em 30° S, o destaque vermelho mostra que além da convergência de unidade há  também convergência de ventos na região. Tais destaques auxiliaram a identificação das frentes na carta de superfície (Figura 7).

Os destaques centrados em 10° S mostram grande convergência de umidade na região próxima ao litoral do NE, onde ocorreu grande precipitação nas últimas 24h (Fig. 8).

Figura 7. Análise da carta sinótica de superfície gerada pelo modelo GFS. Elipses vermelhas - Centros alta pressão; Elipses azuis - Centros baixa pressão; Faixa hachurada em azul - ZCIT. Curvas azuis com semicírculos - frentes frias; Curvas vermelhas com triângulos - frentes quentes; Curva roxa - frente oclusa;

A ZCIT sobre o oceano Pacífico encontra-se na direção E-W, com aproximadamente 5° de espessura e um pouco mais ao norte em relação à posição da ZCIT no oceano Atlântico, centrada em aprox. 5° N e pouco menos espessa, apresentando também distribuição E-W.  Há um centro de alta pressão a W do mapa, próximo de 40° S e uma baixa com frentes associadas, centrada em aprox. 45° S, 25° W.

A frente associada à baixa pressão deslocou-se para E, enquanto há uma frente sobre o continente, próxima ao Rio Grande do Sul, Paraguai e Norte da Argentina. Uma nova frente (centrada em 50° S, 85° W) provavelmente atingirá o continente nos próximos dias.

Figura 8. Precipitação acumulada nas últimas 24. Região em destaque acumulou maior precipitação.

A Figura 8 destaca a região litoral do NE do Brasil com grande precipitação nas últimas 24h. Analisando as áreas de destaque da Fig 6. nessa região, podemos observar grande convergência de umidade uma convergência do vento vindo do oceano Atlântico, uma vez que o mesmo desacelera ao atingir o continente, causando convergência do vetor Q nessa região (*comentários). 


Figura 9. Composite de mapas em 700 hPa da equação ômega (quais são as variáveis?). Painel esquerdo: zoom no NE do Brasil; Painel direito: zoom na baixa pressão relacionada às frentes no Atlântico Sul com linhas de corrente do vento. Destaques em azul representam regiões com movimento ascendente.

A Figura 9 destaca os resultados negativos de ômega, que representam regiões de interesse com movimentos ascendentes na troposfera. No painel esquerdo, observamos a região de precipitação da Fig 8, indicando de fato movimentos acendentes que resultam em precipitação. Esses movimentos são observados também no centro de baixa pressão no Atlântico e logo acima (caixa inclinada), podemos observar movimentos ascendentes na zona de frente (identificada na Fig. 7).

Referências de Figuras

satelite wv :
http://satelite.cptec.inpe.br/repositorio5/goes13/goes13_web/ams_vapor_alta/2015/06/S11232954_201506100000.jpg

satelite_wv_T: http://satelite.cptec.inpe.br/repositorio5/goes13/goes13_web/ams_realcada_alta/2015/06/S11232958_201506100000.jpg

precipitacao: http://www.ogimet.com/cgi-bin/gsynop?lang=en&zona=amersurc&base=bluem&proy=orto&ano=2015&mes=06&day=10&hora=00&vr4=R4&Send=send

250Hpa: http://www.masterantiga.iag.usp.br/previsao_glob/sinotica.php?var=250

500Hpa: http://www.masterantiga.iag.usp.br/previsao_glob/sinotica.php?var=500

850Hpa: http://www.masterantiga.iag.usp.br/previsao_glob/sinotica.php?var=850

superficie: http://www.masterantiga.iag.usp.br/previsao_glob/sinotica.php?var=surface

Cortes verticais gerados no programa "corte_vertical_ana.gs" login@aulamaster.iag.usp.br

Composites de div_umidade, vento e vorticidade e ômega gerados no programa "gfsana" em login@aulamaster.iag.usp.br

Um comentário:

  1. * Rita, não consegui plotar os mapas do vetor Q. Rodei o programa ele calcula Q1 e Q2 mas não plotou automaticamente como no "corte_vertical" ... tentei algumas coisas mas não consegui plotar. Expliquei com o que você disse em aula!

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